1970-1979

Luta pela democracia e o novo sindicalismo

A maioria dos documentos do período de intervenção no Sindicato é assinada por Wilson Gomes de Moura, situação que vai se estender até o final dos anos 1970. São atas que tratam principalmente do patrimônio da entidade que, como muitas outras, investe no assistencialismo com a criação de ambulatórios médico, odontológico, uma escola, restaurante e até mesmo um consórcio de automóveis. O Brasil vive anos de “milagre econômico”, ufanismo e censura, ampliando a concentração de renda na mão de poucos e acentuando a pobreza. Sem sindicatos livres, sem jornais que os representem, sem direitos políticos, os trabalhadores estão à mercê dos índices oficiais de inflação, com os salários cada vez mais achatados.

Em 1978, uma década após o recrudescimento da ditadura pelo AI-5, o Brasil somava mortos, desaparecidos e uma inflação cujo controle oficial e uso de instrumentos repressivos a quem a negasse não davam chance a protestos. Vários sindicatos continuavam sob intervenção e, mesmo ocorrendo eleições, em muitos deles as cartas estavam marcadas. Aos poucos, ganhava força a campanha pela Anistia, mas essas vozes ainda não encontravam eco ou eram sufocadas. Foi, portanto, com um misto de medo e surpresa que, em 12 de maio daquele ano, explodiu em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, uma das mais importantes greve pós-golpe militar: a dos metalúrgicos da Scania.

Apesar da forte repressão, a volta das greves como instrumento democrático vingou e marcou o final daquela década, destacando a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva (então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos) e aglutinando em seu favor todos os setores que lutavam contra a ditadura. Em Pernambuco, no ano seguinte, os canavieiros mobilizaram cerca de 100 mil trabalhadores rurais da Zona da Mata, conquistando vitórias expressivas.

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